quinta-feira, 24 de maio de 2012

RESPOSTA DA REDE GTA AO CONVITE DA SDS-FAS

Ofício No 68/2008

Manaus (AM), 21 de agosto de 2008.

DO: GTA/Regional Médio Amazonas
PARA: Sra. Profª. NÁDIA CRISTINA D’AVILA FERREIRA
Secretária do Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SDS
CC:
Prof. Virgílio Viana
Diretor Geral da Fundação Amazonas Sustentável - FAS

ASSUNTO: Informação FAZ

Prezada Sra. Secretária de Estado e Prezado Sr. Diretor da FAS,
O Grupo de Trabalho Amazônico – Rede GTA/Regional Médio Amazonas, vem por meio deste junto as V. S.a., responder a Carta Convite Nº 017/2008, datada de 20.08.2008, conforme abaixo:
1 – Nossa Contribuição
Lembramos que por mais de 10 meses a Rede GTA, através dos 04 regionais presentes no Estado do Amazonas estiveram contribuindo com a formulação do arcabouço institucional do Programa Bolsa Floresta, criado pelo Governo do Estado no âmbito da SDS. No contexto das coordenações regionais fizemos as possíveis discussões necessárias, e estivemos presentes em quase todas as reuniões de trabalho para formulação de uma proposta concreta de ação desse programa, objetivando que de fato este pudesse contribuir com o fortalecimento das organizações de base das unidades de conservação, especialmente as comunidades agroextrativistas. Ressaltamos, que a proposta do Bolsa Floresta Associação foi de nossa autoria, a qual fizemos a proposição, a partir das reuniões com as lideranças das bases presentes em algumas unidades de conservação de uso sustentável criada pelo Estado do Amazonas.
Em nenhum momento nos negamos a contribuir com o processo desencadeado por este programa, e quando foi necessário acionar nossas bases, ou seja, as entidades filiadas a essa Rede nos seus devidos regionais, para que pudessem colaborar com o cadastramento e execução de oficinas de formação fizemos um empenho de pessoal, material, máquinas e equipamentos, além de argumentações políticas com as lideranças e famílias nas UC’s. Sempre apostamos que o Programa pode dar certo, se cumprinda as devidas etapas de execução e que possibilitasse a formação das bases com conhecimentos e implementação de políticas públicas. Eu mesmo, estive em área falando disso e no meio dos nossos demais coordenadores/as e filiados/as falando do programa e seus demais sub-programas e não só aquele do repasse de R$ 50,00 por família. Estivemos contribuindo também com nossa capacidade técnica para sugerir o processo de capacitação inicial dos extrativistas para o acesso ao programa.
2 – Nossa Decepção
Em novembro e dezembro de 2007 e março e abril de 2008 não caiu bem na Rede GTA a informação da “terceirização” desse programa pelo Estado do Amazonas, assim como a destinação para exploração de uso de imagens e de serviços ambientais de 34 UC’s por um prazo de 20 anos, além de 20 milhões de reais para uma fundação, criada com menos de 04 meses de existência, sem nenhuma discussão com a sociedade civil organizada desse Estado.
Diante dos fatos, fizemos as devidas consultas jurídicas a Ministério Público Federal e Estadual sobre os procedimentos legais e consultamos advogados e os nossos aliados. Colocamos essa discussão em nossas assembléias regionais e tomamos a decisão de repudiar tal ação através de uma nota pública direcionada ao Governo do Estado e amplamente divulgada na mídia estadual, nacional e até internacional. Conseguimos, com muito esforço, entregá-la na ALE.
3 – Nossa Posição
Em reunião com os coordenadores regionais, em dois momentos, tomamos a decisão de não participar de nenhuma discussão que envolvesse a ação com a FAS e seus diversos programas, entre eles o Bolsa Floresta.
Esta posição comunicamos a Secretária de Estado e ao Diretor Presidente da FAS, em comunicação anteriormente feita, além de um diálogo entre eu e o Sr. Virgilio Viana. Em outra oportunidade, no mês de junho, o fizemos, agora com os demais coordenadores regionais, essa nossa posição.
Entendemos que o processo desencadeado em âmbito de Estado deveria ser executado pelo próprio Estado e não em um processo de terceirização.
Aproveitamos esta para manifestar nossa posição sobre as pessoas e entidades ligadas a Rede GTA, que de livre e espontânea vontade pessoal ou jurídica que queiram participar desse processo e até mesmo ser membro ou contratado do Estado ou da Fundação.
Entendemos que todos/as as pessoas são livres e autônomas para decidir sobre si e o que querem de suas vidas, o que vale também para as instituições que tem seu corpo institucional autônomo e legal, e diante de seus estatutos sociais devem responder unicamente aos seus associados. Portanto, a decisão de participarem desse processo ao lado do Estado e da Fundação é uma decisão pessoal ou institucional, o qual esta Rede não poderá e nem fará qualquer manifestação oficial, a não ser, se estes/as estiverem usando o nome da Rede para validar outros processos a revelia institucional. Por fim, não queremos causar qualquer outro mal está a ninguém, mas sim, zelar por nossa Rede até outra posição oficial interna.
Com relação ao Estado do Amazonas e suas políticas, entendemos que a Rede GTA sempre contribuiu e tentará continuar sua contribuição, fazendo as mobilizações quando necessárias, as manifestações públicas quando solicitada e marcando presença política em demandas alencadas por suas bases, a exemplo disso, a III CEPT, que será realizada de 25 a 29 de agosto de 2008, com início a partir das 10:00 h., mesmo horário que a FAS/SDS, convidou a Rede GTA para contribuir com o Programa Bolsa Floresta.
Nosso entendimento é de dar por encerrada esta discussão, deixando claro que não queremos mais participar desse processo, desejamos sucesso na execução do que foi, assim entendemos, acordado entre Estado e FAS, ressaltando, que estaremos ao lado, fazendo o nosso papel de sempre, monitorando, acompanhando, denunciando e cobrando a implementação das políticas e programas formalizados por este Estado paras as populações tradicionais.
Na certeza desse entendimento, reiteramos votos de estima e consideração.
Atenciosamente,

Francisco Aginaldo Queiroz Silva
Coordenação Executiva da Rede GTA
Regional Médio Amazonas

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